Dia Internacional dos Monumentos e Sítios 2021
A força das circunstâncias, imposta pela imperiosa necessidade de salvaguarda da saúde pública, obriga-nos a assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios de uma forma desmaterializada, afastada do contacto com o outro. Contudo, a acalmia do constante frenesim da vida quotidiana liberta-nos para uma observação mais cuidada e serena do património.
Ao longo do tempo, o homem conformou o território às reais necessidades da sua existência, os movimentos de arroteias e as campanhas de edificação são, sem dúvida alguma, aquelas que mais contribuíram para a alteração da paisagem. Assim, cada geração de acordo com as suas carências e conhecimento técnico-científico construiu as respostas que lhe pareceram mais adequadas, que formaram uma memória visual colectiva do património arquitectónico, permanecendo por um período relativamente longo. Quando o património se torna obsoleto ou desnecessário duas situações se afiguram: demolição ou reconfiguração.
Propomos uma revisitação fotográfica à história de dois edifícios emblemáticos da Ilha das Flores, o Convento de São Boaventura e a fábrica da baleia do Boqueirão, dois exemplos felizes de reabilitação e posterior devolução à comunidade, com propósitos completamente diferentes dos pressupostos subjacentes à sua construção, mas respeitando em absoluto a integridade arquitectónica dos imóveis. O convento teve uma missão de assistência religiosa desde meados do séc. XVII, foi transformado em hospital na década de 80 do séc. XIX, quase um século depois passou a escola e desde 1993 que alberga o Museu das Flores. A fábrica da baleia, construída na década de 40 do último século, foi musealizada e aberta ao público em 2015. Façamos então uma reflexão sobre o património e sua reabilitação que é a única forma de mantê-lo vivo, mesmo que para isso seja necessário atribuir-lhe outras valências.
Procuramos confrontar fotografias tiradas da mesma posição em diferentes momentos históricos. Lançamos assim o desafio a todas as memória.
Exposição Virtual: Artsteps
Fotos: António Araújo e Luis Filipe Vieira