Demografia Histórica
O tratamento dos registos paroquiais de batizados, casamentos e óbitos por metodologias específicas faz-nos recuar três a quatro séculos por um mundo que já não é nosso. Fornece-nos longas cadeias genealógicas que aprofundam as raízes de todos nós e permite-nos, principalmente, uma aproximação a um quotidiano diferente, com escassas defesas, mas em que a força da Vida logrou sobrepor-se a uma Natureza dura e a uma Morte sempre presente.
Com a coordenação científica de Maria Norberta Amorim, na Casa de Sarmento, uma Unidade Diferenciada da Universidade do Minho, está a ser implementado o Repositório Genealógico Nacional, uma base de dados central com ambição de integrar a informação organizada dos registos paroquiais portugueses, com abertura à diáspora. Sobre os Açores, além de importante investimento sobre a cidade de Angra, dispomos de trabalho organizado sobre as ilhas do Pico, Faial e Corvo. A especificidade dos comportamentos demográficos dos corvinos (ver de Maria Norberta Amorim, 2019, Uma Aldeia no Oceano, as Gentes do Corvo entre o século XVII e o XX) fez atrair a atenção da autora sobre as Flores.
Iniciou o trabalho sobre a freguesia fronteira ao Corvo, Ponta Delgada, mas hoje o projeto ganha uma nova ambição, com a equipa de trabalho do Museu das Flores, encabeçada pelo seu Diretor Luís Filipe Vieira. Num horizonte de três a quatro anos, pretende-se formar uma base de dados encadeada genealogicamente sobre as gentes das Flores.
À semelhança de Uma Aldeia no Oceano, o cruzamento da base de dados com outras fontes é um premente desafio ao estudo das comunidades florentinas.