Colóquio ‘A Estação Francesa das Flores – 30 anos de ligação, 30 anos depois‘ - Tiago Patatas e de Raya Leary
A Secretaria Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, por via da Direção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC), através do Museu das Flores, tem o prazer de anunciar a participação de Tiago Patatas e de Raya Leary no Colóquio ‘A Estação Francesa das Flores – 30 anos de ligação, 30 anos depois’, apresentando o projecto "Na distância cega".
Na ilha Açoreana das Flores jaz, isolada, uma ruína. Abandonada em 1993, a estação
desempenhou um relevante papel no programa nuclear Francês. O último, por sua vez, é
tido como um dos programas nucleares mais destrutivos mundialmente. Neste contexto, a
presente intervenção é animada pela questão: pode uma ruína esquecida na ilha das Flores
ser um portal capaz de revelar o alcance do destrutivo programa nuclear Francês, desde os
atóis do Pacífico Sul às costas do Sudeste e Sudoeste Africano?
Adotando criticamente o léxico dos sistemas de monitorização outrora presentes na
instalação militar das Flores, debruçamo-nos sobre a distância cega: um espaço aquém da
deteção. Nas distâncias tornadas cegas pela nuclearização Francesa, a investigação
debruça-se sobre dois episódios: em primeiro lugar, investigamos a relação entre as
operações militares Francesas no Atlântico com as do Pacífico Sul, posicionando a
instalação Açoreana num campo expandido de causalidade decorrente dos testes nucleares
nos atóis da Polinésia Francesa; de seguida, prestamos atenção à centralidade da
instalação dos Açores para as negociações de materiais bélicos destinados às guerras
coloniais em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Através de uma experiência estético-política, a presente intervenção propõe situar a
estação das Flores num entrelaçar de eventos de enorme escala e relevância, mas que é
comumente relegado para as margens da história do projeto nuclear Francês.
Tiago Patatas é investigador. A sua prática interroga instâncias de violência ambiental, através do léxico das práticas espaciais e cultura visual. Investigações recentes abordam
modalidades de imperialismo nuclear e extractivismo “verde”. Lecionou nas Universidade do
Porto e Universidade Lusófona. É, atualmente, estudante de doutoramento na School of
Architecture, Royal College of Art, em Londres, e investigador na agência de investigação
INTERPRT.
Raya Leary é investigadora pós-disciplinar e escritora. O seu trabalho debruça-se sobre as
culturas (i)materiais que decorrem de espaços contestados, adoptando um pensamento
ecológico para abordar questões de temporalidade, colonialidade e circulação. Lidera,
atualmente, o departamento de Investigação em Civilization, um premiado estúdio de
design, e é graduada em Ciências Sociais (Cum Laude) pela Universidade de Harvard.
Os projectos conjuntos de Tiago Patatas e Raya Leary foram apresentados na Fundação
Gulbenkian, Lisboa; Nieuwe Instituut, Roterdão; Universidade de Cornell, Nova Iorque, entre
outros fóruns.